terça-feira, maio 12, 2009

Características do período pré-colonial a partir desses aspectos:

A) Desinteresse x interesse comercial e de exploração;
Alianças x conflitos com grupos tribais;
Colonização acidental x colonização projetada;
Civilização x barbárie.

Após a oficialização do achamento do território brasileiro, pelos portugueses, foram absolutamente poucas as viagens realizadas por estes até o Novo Mundo. Um certo desinteresse que levantou sérios questionamentos, por parte de outras nações, a respeito da divisão do mundo entre Portugal e Espanha.
Portugal havia oficializado a descoberta, mas não fazia o devido uso dela, oportunizando que exploradores de outras nacionalidades assim o fizesse. Os franceses foram os primeiros a questionar essa divisão do globo e a estabelecer um comércio de trocas com os povos que aqui viviam, colocando em sérios riscos a soberania lusitana nessas terras.
Mesmo não apresentando grandes recursos para satisfazer a notória cobiça dos portugueses, tornou-se necessário ocupar a colônia, tanto por motivos políticos, para garantir a possessão, como para seguir a estratégia de fixar povoações que auxiliassem os navios da carreira lucrativa.   Torna-se necessário salientar que o Brasil era para os portugueses uma rota alternativa para o oriente; mas com a queda das relações comerciais entre esses últimos devido aos altos custos das expedições o Brasil tornasse uma boa aposta para os investimentos econômicos (exploração de metais preciosos e agrícolas). Com base nesses acontecimentos Portugal passa, então, a adotar algumas ações mais efetivas ao território do Brasil, tais como: a expulsão dos corsários do litoral brasileiro e a tentativa de pôr em prática, já em 1516, as primeiras experiências de ocupação do território dando início ao sistema conjunto de capitanias de terras e capitanias de mar, à maneira do que comumente, vigorava no oriente.
Para que esse plano se realizasse era necessário que Portugal enfrentasse, não apenas os comerciantes franceses, mas também as fortes alianças entre estes e os indígenas. Tais alianças se contrapunham às aspirações lusitanas de domínio e levariam a um enfrentamento direto, no Brasil, entre as duas potências européias. Uma vez que os franceses ocuparam ilegitimamente um espaço territorial pertencente à Coroa Portuguesa. Entre as disputas está o indígena, cuja convivência com os europeus, definitivamente, não se caracterizava pela tolerância.
Os grupos tribais acabam, por sua vez, entrando na luta transnacional, como apêndices dos interesses imperiais. Embora jamais se lhes tenha reconhecido uma verdadeira autonomia, isto geralmente não significou um extermínio direto, e sim a integração na luta entre Coroas européias. De um lado os tupinambás apoiando os franceses e de outro lado os tupiniquins apoiando os portugueses. Prestar serviços aos cristãos se transformava em “amizade”, porque para os índios a nova cultura era assustadora e a aliança com o invasor, identificado com deuses, dava-lhes a sensação de invencibilidade perante outras tribos. Uma espécie de relação que prolongou por algum tempo a sobrevivência dessas tribos.
Em troca do apoio ao homem branco, não pediam nada, apenas a honra de servir a uma divindade; pois suas armas de fogo eram desconhecidas ao povo indígena que às associavam a instrumentos mágicos. Instrumento que assustava muito mais do que feria. 
Se a rivalidade entre Portugal e França expressou a luta pelo pau-brasil; os conflitos entre espanhóis e portugueses (na demarcação de limites geográficos) indicavam a presença de imagens auríferas e argentíferas no território. Portugal tentava estender para o sul seus domínios na América e a Espanha obviamente resistia. Mas em definitivo foram as riquezas, ou melhor, sua imagem mitificadora e a esperança de obtê-las, as responsáveis pelos inúmeros exploradores que acidentalmente acabam dando início à colonização deste território.
A colonização acidental antecede ou, em grande parte, avança paralelamente à planificada. Não significando, portanto, algo circunstancial ou passageiro. Ainda que com o tempo ambas convirjam em uma mesma e ampla empresa colonizadora. Esta forma de colonização (acidental) deve-se em muito aos náufragos e desertores. O naufrágio se delineava como um motivo gerador de novas formas de vida, de relações mutantes, mudanças inesperadas e repercussões imprevistas. Pois quem estava a serviço de um rei, converte-se facilmente, devido às circunstâncias, em amante de índias, pai de família, guerreiro tribal e/ou comerciante.
A série de conversões americanas aponta para a institucionalização de uma “nova vida”, nada poético nem muito menos bucólica. O conceito de cristão perde precisão entre o processo de transculturação dos europeus, que para sobreviver adotam modelos de vida indígena. O projeto épico da conquista é esquecido e substituído por uma realidade que, em seus elementos centrais, se ajusta ao projeto do imigrante. Derrotados por um meio ambiente que transtorna esperanças e desbarata ideais, estas pessoas, são submetidas a um cotidiano pouco glorioso, em pequeno número, sem impérios para conquistar, sem cidades para subjugar, sem riquezas para saquear, estes expedicionários deixam a antiga relação de vassalagem com seu rei, para se integrarem num novo espaço, que se lhes apresenta novos conflitos e desafios, embora também novas possibilidades. 
A colonização acidental não implica, conseqüentemente, um projeto organizado de modo racional e levado à prática por etapas programadas. É sim a resposta criada a uma situação de necessidade (dos expedicionários que aqui ficavam) que pouco a pouco desemboca na construção de uma imprevista organização social.
Diferentemente da colonização acidental, a planificada se caracteriza pelo caráter letrado da ordenação. A expedição de Martin Afonso de Souza em 1530 e a instalação das capitanias hereditárias representam seu começo ritual; o Regimento de Tomé de Souza, promulgado pelo rei Manuel III  em 17 de dezembro de 1548, como representante do rei para as possessões lusitanas na América, anuncia seu triunfo definitivo. Com o Regimento dá-se início, concreto, à instituição do governo geral e se reafirma o ideário colonizador. 
A função (do Brasil) de escala para os tesouros asiáticos ou de porto fornecedor de madeira tintória é substituído pelo projeto de inscrição oficial da lei e pela exportação das instituições metropolitanas para o Novo Mundo. Segundo o documento real os benefícios com a colonização seriam estes: o “bem estar” dos indígenas, devido à ampliação da fé cristã, o proveito da Coroa Portuguesa e a conservação das capitanias. A partir de 1531, navios portugueses começam a abastecer os colonos recém instalados (armas, munições e mantimentos), em 1534 João de Barros, Aires da Cunha e Fernando Álvares de Andrade organizaram uma expedição composta de dez embarcações levando novecentos homens, com o objetivo de iniciar, definitivamente, a colonização, principalmente, nas capitanias do Rio Grande, Pará e Piauí.
Pode-se dizer também que, quando surgiu a necessidade política e econômica de conquistar e colonizar estas terras, os mapas produzidos com detalhes do Novo Mundo passaram a salientar o exotismo da fauna e flora, chamando a atenção para as riquezas minerais como o ouro; a fim de que a cobiça atraísse a atenção de possíveis aventureiros. Tarefa complicada, pois era extremamente difícil conquistar voluntários para ocupar uma terra vista pelos europeus como um inferno. Na época era normal para os cronistas associarem os costumes indígenas à barbárie. O ato de comer o prisioneiro constituía o capitulo derradeiro de um ciclo endêmico de represálias que incluía a perseguição ao inimigo, a inserção deste no recinto familiar e comunal, sua adaptação ao cotidiano da aldeia, a preparação para a festa, a teatralização da relação de domínio, uma jornada maratônica de danças e cantos, o posicionamento da vitima no centro da aldeia (pauladas na cabeça até matar), o desmembramento do corpo e a repartição entre os comensais. Capitulo final que, por sua vez, anunciava a vingança por parte da tribo ofendida.
A agressividade e/ou barbárie, percebida pelos expedicionários na instituição do canibalismo desvia em muito a atenção das formas, também socialmente compartilhadas, de violência européia. O pavor dos cronistas ante as execuções públicas americanas, portanto, provem de sua forma e sentido. Isto explica que fossem justamente os sacrifícios os eventos mais repudiados pelos cronistas, em especial os religiosos, já que aos seus olhos pareciam rituais satânicos e não tinham nada de semelhante com as execuções européias, onde o motivo religioso se aliava ao controle político do desvio social.         
Para os europeus a América poderia ser tanto o inferno como o paraíso, dependeria apenas de levar-se ou não a fé cristã aos chamados gentios, missão destinada aos portugueses. O estranhamento causado pelas plantas e animais encontrados e acima de tudo, os hábitos dos povos nativos fez com que os europeus decidissem que era urgente e necessário “salvar” aquela gente, moldando o território e os habitantes à imagem e semelhança da Europa.

B) A dinâmica imperial portuguesa. Síntese da abordagem principal dos autores: Bicalho, Fragoso e Alencastro.

De acordo com as leituras indicadas, é possível perceber logo de início a preocupação dos autores em fazer das discussões à cerca das relações entre o poder central e o poder e/ou poderes periféricos, algo mais presente em nossos estudos, uma vez que as relações entre esses poderes apresentavam na prática, características desiguais. Com isso, diferentes autores nos apresentam diferentes hipóteses à cerca da centralização do poder monárquico, trazendo sempre em destaque a discussão sobre a existência ou não de uma influência do poder real nos mais diversos assuntos relacionados a Coroa.
As questões referentes ao poder central levam muitos pesquisadores a identificar uma certa fraqueza no poder monárquico. Más torna-se necessário que ao avaliarmos esta questão, tenhamos a devida coerência ao julgar o assunto, pois há inúmeras formas de questionarmos esta centralização do poder sob diversos ângulos e/ou aspectos. Assim como do ponto de vista do colonizador, a imagem de um império centralizado era a única que fazia suficientemente jus ao gênio colonizador da metrópole; em contrapartida, admitir um papel constitutivo das forças periféricas poderia reduzir o brilho desta empresa imperial. Para fragoso (um dos nossos autores) existiu outro poder capaz de arrancar privilégios do poder central, contudo, procurando explorar seus aspectos doutrinais e institucionais, para ganhar um espaço de efetiva, ainda que discreta, autonomia. Passando, com isso, a caracterizar a monarquia portuguesa, como sendo uma monarquia corporativa, em que: o poder real partilhava o espaço político com poderes de maior ou menor hierarquia; que o direito legislativo da Coroa era limitado e enquadrado pela doutrina jurídica e pelos usos e práticas jurídicos locais; bem como, os deveres políticos cediam perante os deveres morais ou afetivos, decorrentes de laços de amizades. 
Para este autor a imagem de centralização do poder monárquico é ainda mais desajustada quando aplicada ao império ultramarino. Isto se deve a inexistência de um modelo ou estratégia geral para a expansão portuguesa. Existem vários tópicos usados incidentalmente no discurso colonial para justificar a expansão. Um deles era a idéia de cruzada e de expansão da fé. Mas, a par dele, vinha o do engrandecimento do rei ou das finalidades do comércio metropolitano ou, mais tarde, de população. No entanto, esse conglomerado não era harmônico, sendo que cada tópico levava freqüentemente a políticas diferentes ou mesmo oposta, mudando, muitas vezes, com o tempo ou com o lugar.
  Embora os estabelecimentos coloniais portugueses tenham estado sempre ligados à metrópole por um laço de qualquer tipo, faltou, no entanto, até o período liberal uma constituição colonial unificada; uma vez que, se encontrava em vigor diferentes formas de instituições políticas, tanto na América como no Oriente. Um exemplo claro desta disparidade de forças está na total autonomia do governador geral. Este gozava de um poder extraordinário, semelhante ao dos supremos chefes militares; tal como o próprio rei podia derrogar o direito em vista de uma ainda mais perfeita realização de sua missão. Pode-se estender esse exemplo aos capitães donatários, que faziam o uso da justiça aos moldes dos seus interesses. Segundo o autor, é impossível ver esta forma de organização, como um modelo tradicional de Império centrado, dirigido e drenado unilateralmente pela metrópole.
Para Maria Fernanda Bicalho, esta questão referente às instituições e ao poder político em Portugal está diretamente ligada à figura do rei. A autora acredita que este intervinha nos mínimos detalhes da vida cotidiana de seus súditos, ordenando-os, disciplinando-os, normatizando-os. Para Maria Bicalho, esta interferência real, valia para o reino e abrangeria igualmente a amplitude de seus domínios ultramarinos e coloniais. Esta idéia é contrária ao pensamento de Fragoso. Segundo a autora os argumentos que sustentam suas afirmações estão explícitos nas consultas do conselho ultramarino. Pois, para a autora, não é difícil ser convencido de que os membros deste conselho deliberavam sobre cada minúcia da vida econômica, administrativa, política e militar das sociedades coloniais, chegando mesmo a ordenar os mais insignificantes detalhes do cotidiano de seus habitantes. As ordens, provisões e alvarás régios resultantes dessas consultas são ricos testemunhos do poder de intromissão e regulamentação da Coroa nas menores esferas e nas mais insólitas condutas dos vassalos peninsulares e ultramarinos. Assim, a idéia de que ao rei cabia decidir tudo em ultima instância vinha corroborar o processo de centralização monárquica própria do absolutismo europeu.
Em relação ao processo de centralização do poder régio, as crises recorrentes que, assolaram a Europa, representaram mais um fator de intervenção da Coroa, levando as monarquias a implementarem amplos programas de reforma política e fomento econômico que as impeliram a intervir cada vez mais nas áreas provinciais e locais. A vontade ou a necessidade desta intervenção não era, no entanto, uma via de mão única, nem sempre correspondendo a uma iniciativa exclusiva do governo central, partindo muitas vezes das próprias autoridades locais. Isso decorria do crescente prestigio que a justiça real vinha adquirindo, e da visão de mundo dos contemporâneos a respeito da função arbitral do monarca, a quem se recorria para resolver conflitos domésticos, ou entre seus representantes e os próprios agentes do poder central. Por outro lado, a luta contra as antigas prerrogativas senhoriais impedia o rei de dispensar os aliados locais, levando a que o grande paradoxo do absolutismo se constituísse numa progressiva concentração de poderes no centro e ao mesmo tempo, numa profunda dependência deste centro em relação a forças sociais e políticas periféricas.
Contudo, o governo era exercido, tanto na península quanto por todo o império, por meio de conselhos, tribunais e juntas. Eram estes os órgãos ou instituições que teciam as políticas e tomavam as decisões. Por um lado essa dinâmica governamental constituía-se em um peso ou entrave à agilidade da administração ativa. Esse é o ponto mais destacado pela historiografia ao se referir à administração, seja do reino, seja das colônias. No entanto, esse mesmo sistema garantia a expressão de todos os pontos de vista, reafirmando o caráter corporativo do governo, como afirmou Fragoso, mas segundo a autora, a imagem do rei como arbitro mantenedor da harmonia dos demais membros ou instituições do corpo político, avalista de seu estatuto, juiz nos conflitos, é de maneira alguma, a imagem de um usurpador de suas atribuições no poder.
Diferentemente das opiniões apresentadas por Fragoso e Bicalho, Luiz Felipe de Alencastro procura recolocar, no campo das discussões, as questões referentes à centralização do poder e de uma maneira mais lógica, tenta explicar, também, os dificuldades encontradas por Portugal na administração de seu império ultramarino. É verdade que os lusitanos não encontraram facilidade alguma na expansão das rotas comerciais. Por não dispor de forças necessárias  para conservar esse espaço transcontinental, Portugal é vencido pelas potências melhor instrumentadas para o comércio ultramarino, Lisboa perde mercado e territórios, sobretudo no oriente, onde o que se fez ausente, segundo o autor, não foi à falta de um poder centralizado ou de uma política mercantil eficiente, como citam os autores Bicalho e Fragoso, mas o que contribuiu de uma forma negativa foi possibilidade de enriquecimento que o contrabando e o comércio regional ofereciam aos oficiais d’el-rei.
O complexo econômico luso-oriental opõe-se doravante aos interesses de Lisboa e da rota do Cabo. Tal quadro ilustra um dos impasses apontados acima: o excedente colonial se realiza, se transforma em produção mercantil, mas foge às redes metropolitanas, tornando mesmo as mais eficientes forças políticas inoperantes diante de tal realidade. Mesmo que isso não ocorresse, a expansão mercantil não conduzia necessariamente ao reforço do poder monárquico. As transações oceânicas e o Ascenso dos comerciantes faziam emergir novas forças sociais nas metrópoles e nas conquistas, alterando o equilíbrio das monarquias européias. Pois, como se sabe, os investimentos privados efetuados nos primeiros tempos das descobertas não eram exclusivamente portugueses. Excetuando-se certos monopólios, os estrangeiros católicos, residentes ou não em Portugal, obtinham privilégios análogos aos dos nacionais para transacionar com a colônia. Ademais se empregassem marinheiros portugueses, os estrangeiros podiam utilizar seus próprios navios. Tais comerciantes ficavam submetidos a certas taxas, mas se isentavam de outras que pesavam sobre os nacionais.  Esta realidade enfrentada pelos portugueses não tem absolutamente nada de novo, o que se pode perceber é que mesmo existindo um poder forte e centralizado na figura de um monarca, não se poderia garantir o total êxito nas negociações mercantis, uma vez que, as condições de negociação se transformavam diante das circunstâncias impostas   pela distância existente entre a colônia e a metrópole.

Ramos, Edu. Trabalho Universitário de

Imperialismo norte-americano na América Latina.

Pode-se dizer que o domínio norte-americano sobre os países da América Latina tenha se dado no momento em que os Estado Unidos planejaram construir um mundo supostamente democrático e antitotalitário, institucionalizando seu poder sobre essa região ainda no inicio do século 20.
Durante esse período os norte-americanos determinaram que toda a ajuda econômica e militar se justificaria diante, somente, a ameaça do comunismo internacional. No entanto, para reforçar essa hipótese surge em 1948 a Organização dos Estados Americanos (OEA), responsável por legitimar, de uma vez por todas, a dependência latina frente aos interesses estadunidenses.
Tal manobra política encontrou respaldo em alguns chefes de Estado latinos que souberam utilizar, em proveito próprio, os acordos e convênios bilaterais com a nova potência mundial. Diante da nova ordem estabelecida, algumas medidas foram tomadas para assegurar o curso pré-estabelecido.  Medidas intervencionistas (militar e econômica) acentuaram-se e passaram a fazer parte de uma poderosa maquina de repressão cível. 
Vale lembrar que toda e qualquer ajuda econômica e/ou militar era sancionada mediante acordo em que os exércitos locais deveriam participar elaborando planos de defesa contra a “ameaça vermelha”.
No entanto, a dominação que se estendeu a passos largos sobre os países latinos também encontrou neles resistência em alguns campos da política e da classe trabalhadora. Cuba se destacou nesse sentido. Sua maneira de agir diante da situação foi reinventada, pois a luta que travava, para fazer frente à influência vinda da Casa Branca, já não funcionava mais. Isso se deveu ao fato de que os partidos comunistas do mundo também estavam revendo sua forma de atuação e muitos haviam, de uma certa forma, renunciado aos grandes movimentos de massa. 
Estavam voltados às distintas políticas de enfrentamento e de alianças que vinham sendo encenadas ao longo daquele período para que, com isso, fosse possível atender as reivindicações das diversas lutas de classes que se seguiam em âmbito mundial. 
Esta atitude dos partidos comunistas, em âmbito universal, encontrava respaldo nas diferenças sociais, econômicas e políticas de cada país latino. 
Dessa forma, concluo que a nova forma de agir precisava, antes, adequar-se a essas variações, chamadas de políticas de enfrentamento. Ações que atendiam as especificidades de cada Estado e/ou Governo. As diferentes variações da luta de classe de um país obedeciam em grande parte à força dos movimentos nacionalistas e populares e a sua capacidade de impor-se frente aos ditadores, as oligárquias, e ao próprio imperialismo que atacava em várias frentes
Para o poder imperialista, o avanço da ideologia comunista, em sua zona de abrangência, era encarado como algo subversivo. Sendo assim, não tardou para que estes fossem considerados inimigos da “democracia” e para que medidas, também, fossem tomadas contra o nacionalismo existente, que era encarado como fascista ou cripto-comunista. Em suma, o imperialismo foi responsável pela heterogeneidade da classe operaria latina-americana, bem 
como da desigualdade social, da distribuição de renda e das mazelas provocadas pelo sucateamento das estruturas públicas. 

Ramos, Edu. Texto de

Inteligência Musical.

De todos os talentos com que os indivíduos possam ser dotados, nenhum surge mais cedo do que o talento musical. Embora a especulação em torno desta questão tenha sido abundante, permanece incerto exatamente porque o talento musical surge tão cedo e qual poderia ser a natureza deste dom. A inteligência musical pode manifestar-se em um indivíduo mesmo antes dele ter recebido qualquer treinamento musical; a evidência mais forte seria: através da reação a determinado tipo de som, o indivíduo pode ter progresso em algum instrumento, isto sugere que ele estava biologicamente preparado de alguma maneira, para esse empreendimento. Dessa forma a evidência das crianças-prodígio apóia nossa afirmação de que existe um vinculo biológico a uma determinada inteligência.
Embora a criança com retardo ou autismo possa apegar-se à música porque ela representa uma relativa ilha de preservação num mar de prejuízos, também há sinais mais positivos de isolamento, onde uma criança de outro modo normal simplesmente demonstra uma capacidade precoce na esfera musical.  Os autistas conseguem tocar maravilhosamente bem um instrumento, mas não conseguem falar, isto enfatiza a independência da inteligência musical; mas aos elementos centrais da música nos cabe uma colocação: o papel da audição na definição da música, isto porque não cabe dúvida de que o sentido auditivo é essencial para toda a participação musical.
A música é uma sucessão de sons e combinações destes, organizada de tal maneira que produza uma impressão agradável aos ouvidos, e é compreensível o porque de analisá-la como uma inteligência. Ela tem o poder de influir nas partes ocultas de nossas almas e das nossas esferas sentimentais a música não pode expressar medo, (que é certamente uma emoção autêntica), ela também pode sim, ajudar a desempenhar um importante papel unificador nas sociedades (Paleolíticas) da Idade da Pedra. O canto dos pássaros proporciona um vínculo com outras espécies, evidências de várias culturas apóiam a noção de que a música é uma faculdade universal. Os estudos sobre o desenvolvimento dos bebês sugerem que existe uma capacidade computacional “pura” no inicio da infância, isto tudo porque as crianças passam por uma transição importante em suas vidas musicais; a partir dos 3 à 4 anos de idade, reproduzem melodias e canções espontâneas através do jogo sonoro exploratório (reprodução sonora).
A partir destas evidências, sugere-se que a capacidade musical seja aprovada em outros testes de inteligência. Como analisar isso de uma outra maneira? Certas partes do cérebro desempenham papéis importantes na percepção e produção da música, estas áreas estão caracteristicamente localizadas no hemisfério direito, embora a capacidade musical não esteja claramente localizada em uma área tão especifica como a linguagem. Embora, a suscetibilidade particular da capacidade musical ao dano cerebral dependa do grau de treinamento e de outras diferenças individuais; existe uma clara evidência de “amusia” ou perda da capacidade musical.
Tendo em vista tudo isto, as evidências que apóiam a interpretação da capacidade musical, como uma inteligência, chegam de várias fontes. Mesmo que a capacidade musical não seja tipicamente considerada uma capacidade intelectual, como a matemática, ela se qualifica a partir destes critérios. Por definição ela merece ser considerada, e sua inclusão está empiricamente justificada.

Ramos, Edu. Texto de

Inteligência Corporal

O corpo humano é mais do que simplesmente uma outra máquina, indistinguível dos objetos artificiais do mundo. Ele é também o recipiente do senso do eu do indivíduo, seus sentimentos e aspirações mais pessoais, bem como a entidade à qual os outros respondem de uma maneira especial devido as suas qualidades singularmente humanas. Desde o princípio, a existência de um indivíduo como ser humano afeta a maneira como os outros o tratarão; e, muito cedo, o indivíduo vem a pensar em seu próprio corpo como especial.
A característica principal desta inteligência é sem dúvida alguma a capacidade que o indivíduo tem de usar seu próprio corpo de maneiras altamente diferenciadas e hábeis para propósitos expressivos assim como voltados para objetivos. Igualmente característica é a capacidade de trabalhar habilmente com objetos, tanto os que envolvem movimentos motores finos dos dedos e mãos quanto os que exploram movimentos motores grosseiros do corpo. Pessoas que desenvolvem algum esporte, como natação, dança entre outras modalidades, desenvolvem também um domínio aguçado sobre os movimentos de seus corpos, assim como artesões, jogadores de bola, atores, inventores e instrumentistas, que são capazes de manipular objetos com refinamento. 
O uso hábil do corpo foi importante na história da espécie durante milhares de anos, a evolução dos movimentos especializados do corpo é uma vantagem óbvia para as espécies, e nos seres humanos esta adaptação é ampliada através do uso de ferramentas. De todos os usos do corpo, nenhum atingiu ápices maiores ou foi mais variavelmente desenvolvido pelas culturas do que a dança. Podemos definir a dança como seqüências culturalmente padronizadas de movimentos corporais não verbais que são propositais, intencionalmente rítmicos e apresentam valor estético aos olhos daqueles para quem o dançarino esta se apresentando. 
Não conhecemos todos os usos aos quais a dança foi dirigida, mas as evidências antropológicas sugerem que pelo menos a dança possa refletir e validar a organização social. Ela pode servir como um veículo de expressão secular ou religiosa; como uma diversão social ou atividade recreativa; como um meio para dar vazão aos sentimentos, como uma afirmativa de valores estéticos ou de um valor estético em si; como um reflexo de um padrão de subsistência econômica ou como uma atividade econômica em si.
Dada a grande variedade de propósitos que a dança pode servir, é difícil generalizar sobre sua forma canônica. Às vezes, de fato, as características formais são menos importantes do que a ambientação adjacente ou conteúdo referencial explicito. Embora o principal treinamento na dança seja ouso disciplinado do corpo, outros pápeis que também exploram o conhecimento do corpo requerem habilidades adicionais ou diferentes. Na encenação, a capacidade de observar cuidadosamente e então recriar cenas em detalhes é um mérito. Esta capacidade mimética inicia muito cedo, talvez até mesmo nos primeiros dias ou semanas de vida; e por volta da idade dos dois anos, toda criança normal é capaz de observar cenas ou performances realizadas por outro indivíduo e recriar, numa ocasião subseqüente, pelo menos alguns dos pontos altos do espetáculo.

Ramos, Edu. Texto de

Doenças e Tratamentos (Grécia Antiga).

Os gregos da época clássica possuíam meios eficazes para tratar suas doenças. Embora , a  mortalidade infantil fosse grande e muitas doenças levavam os adultos a um desfecho fatal. As pestes dizimavam certas cidades, como a famosa peste de Atenas. Um tifo, na realidade, causador de uma grande devastação, descrita por Tucídides. Outras doenças menos espetaculares, porém endêmicas, atingiram sorrateiramente a população: tuberculose, malária, parasitoses (causadas pelo consumo de carne ou legumes deteriorados), febres diversas (mencionadas pelo corpus hipocrático e muitas vezes difíceis de identificar), entre as quais: a febre tifóide. As epidemias e doenças contagiosas parecem ser um tanto raras, assim como as doenças cardiovasculares, cânceres, e demais doenças que os próprios gregos antigos identificaram ou que foram identificadas posteriormente, graças aos sintomas descritos.
Entre as doenças de garganta e do aparelho respiratório, pleurisia, pneumonia, angina, amigdalite, difteria, asmas são registradas, assim como várias doenças renais e urinárias e diversas afecções do aparelho digestivo (disenterias, hemorragias intestinais, úlceras, hepatite), do sistema nervoso (epilepsia, meningite, loucura), das articulações e ossos (principalmente artrites e reumatismos), dos olhos dentes e ouvidos (otites, parotidites). A depressão nervosa capaz de provocar suicídio parece rara, mas é registrada.
As infecções eram freqüentes como conseqüência dos ferimentos e podiam acarretar a gangrena. As septicemias consecutivas ao parto ou aborto ameaçam seriamente a população feminina, que estava, aliás, sujeita, evidentemente, a afecções específicas. Calculou-se que, para assegurar a simples renovação da população, em vista da alta mortalidade infantil, estimada em 50%, a mulher grega devia em média, dar à luz a, no mínimo, cinco filhos. Fadigas e riscos são, pois, multiplicados para ela e na realidade, sua esperança de vida é menor que a do homem, apesar dos perigos que este corria na guerra. A duração média de vida era para o homem de 43 à 45 anos, e para a mulher de 34 à 36 anos somente.
Traumatismos diversos afligiam sobre tudo a população masculina, principalmente os ferimentos devidos ao esporte, à caça ou à guerra e aos acidentes de trabalho; os que não morriam em conseqüência deles podiam ficar mutilados. Mas entre os deficientes, aparentemente bastante numerosos, que ião peregrinar ao santuário de Asclépio, muitos eram sem dúvida atingidos por má formação congênita. A terapêutica da época clássica nada pôde contra esses males; por isso o recurso a Asclépio, de quem se espera um milagre. 
Os tratamentos aplicados aos doentes eram diversos. Desde a terapêutica tradicional, (massagens, ventosas, lavagens, supositórios, fumigações, sangrias, remédios da farmacopéia na qual predominavam as ervas e alguns curiosos medicamentos de origem animal- bílis de porco, baba de touro, esterco de vaca, por exemplo – ou mineral – flor de cobre e alúmen, especialmente, utilizados como cicatrizantes), até a terapêutica pelos regimes (caminhadas, hidroterapia, dieta, regimes alimentares e sexual), inventada, ao que parece, no século V e ironizada por Platão, por causa de sua longa duração. A eficácia real dos tratamentos era difícil de avaliar, certas prescrições parecem oportunas, outras inúteis ou até perigosas. Os curandeiros exerciam o monopólio quase total dos tratamentos, baseados em praticas mágicas; nas cidades e também nos santuários de Asclépio, os verdadeiros médicos deviam se impor pouco a pouco, por seu saber e seus sucessos. Os médicos aprendiam através de uma tradição familiar, que se ampliou com o passar dos anos. Em Cós, em Cnido, em Cirene, existiam centros animados por um mestre como Hipócrates; os discípulos, uma vez formados, partiam para outras cidades. 
O tratado dos Ares, água e lugares precisam que o médico, “quando chegar a uma cidade desconhecida, não ignorará nem as doenças locais, nem a noção das doenças gerais, de modo que não esteja desprevenido em relação ao tratamento das doenças e que não cometa o erro daquele que não tivesse aprofundado previamente esses dados essenciais”. Deverá fazer então uma observação atenta dos lugares e dos habitantes. Poderá instalar um verdadeiro consultório, onde os “assentos, tanto quanto possível serão de igual altura, afim de que o paciente e o médico estejam no mesmo nível...”.
Existiam tais consultas em todos os lugares? É pouco provável, mas o mundo grego está, sobretudo no século IV, evoluindo para uma infra-estrutura médica correta, com a intervenção de médicos particulares e médicos públicos chamados e pagos pela cidade; como relata Platão e depois muitas inscrições da época helenística.   

Ramos, Edu. Texto de

O Vestuário na Grécia Antiga.

O vestuário grego compunha-se apenas de pedaços de pano, que cada pessoa enrolava ao redor do próprio corpo conforme a sua vontade. A principal característica do vestuário grego é que as vestes são soltas, não tem forma própria.
Nessas condições, os arranjos do drapejamento variavam no infinito, conforme o gosto individual, a moda do momento ou a qualidade dos tecidos empregados antes das guerras médicas pelos atenienses, seguiam a moda Jônica. Preferindo o linho, às fazendas leves e transparentes, recobertas com bordados e as vestes longas, com muitas pregas unidas. Depois das guerras médicas, passaram a adotar à moda dos Dórios, os panos de lã, mais espessos cuja trama era bem unida, e vestes mais curtas e amplamente pregueadas.
As duas peças principais do vestuário, tanto para homens como para as mulheres, eram a túnica (chitón) ou o Peplo (peplos) e o manto (himátion). A túnica (quiton), usada como roupa de baixo, era um pedaço de pano pregueado no sentido longitudinal, de tal forma que um dos lados podia ficar aberto ou fechado, preso com alfinetes (perónoi), no alto, alguns alfinetes juntavam as duas pontas e marcavam nos ombros as aberturas para a cabeça e os braços, um cinto (zóne) apertava a túnica na cintura.
Os homens usavam a túnica curta (chitonískos) fechada apenas no lado esquerdo para dar maior liberdade ao braço direito. As mulheres vestiam-se com uma túnica longa e as vezes, debaixo dela, ainda usavam uma outra túnica mais leve (chitónion) que correspondia à nossa atual combinação (camisa de baixo).
Em casa não se usava manto, o himátio era um grande manto que se atirava por cima da túnica, ao sair à rua, drapejado livremente em volta do corpo. A clâmide (chlamys) tinha a mesma disposição, mas era mais curta: era a capa dos cavaleiros e em geral dos efelos atenienses. A clânide (chlanés) era um manto apropriado para o verão, de fazenda mais leve. De Esparta, chegou a moda do Tríbon, uma espécie de capa grosseira mais curta que o himátio, adotada pelos filósofos.
Normalmente as pessoas saiam de casa com a cabeça descoberta, em caso de mau tempo a cabeça era coberta com um chapéu de feltro, de forma cônica (pilos) ou com um boné de couro (kinê), em dias de sol muito forte a cabeça era protegida por um chapéu de palhas de abas largas (pétasos). As mulheres usavam penteados complicados, presos por um diadema e faixas de pano. Algumas usavam perucas e tingiam o cabelo com a cor da moda (louro claro).
Protegiam-se do sol com sombrinhas (skiádeion) e raramente saiam de casa sem um leque (rhipés, myosóbe); até fora de casa, os gregos estavam habituados a andarem descalços. O calçado comum era a sandália (krepés), simples palmilha de sola presa por correias. Nas viagens era comum usar botinas de cano alto, presas com cordões (kóthornos). As mulheres usavam uma espécie de chinelas muito elegantes e com vários formatos, cujo consumo era suficientemente grande para sustentar a arte dos sapateiros.
As mulheres gostavam de enfeitar-se com jóias, brincos, colares, anéis, pulseiras, argolas para as pernas...O luxo teve tal progresso que foi preciso exigir moderação por meio de uma legislação adequada (leis suntuarias). Em muitas cidades, havia até magistrados especiais (gynaikonómoi) encarregados de fiscalizar o vestuário e comportamento das mulheres. 

Ramos, Edu. Texto de

A Alimentação Grega. (Grécia Antiga).

Por causa do clima, os gregos estavam habituados a uma alimentação bastante frugal. Deviam sua força e saúde tanto a sobriedade como ao habito de exercícios físicos. Os cereais constituíam a base da alimentação; a farinha de trigo servia para fabricar o pão, (os gregos distinguiam os povos civilizados dos povos selvagens pelo uso do pão). A farinha de cevada era dissolvida na água ou no leite para se fazer uma papa (máza), que era o alimento habitual dos pobres. De preferência comiam-se legumes (alho, cebola, alho poro, alface, favas) e frutos (azeitonas, figos, amêndoas, uvas passas, tâmaras, romãs).
A carne raramente aparecia nas mesas: nos dias de festas, assava-se um cordeiro ou um cabrito; às vezes servia-se carne de boi, mais freqüentemente carne de porco. Como grandes caçadores que eram, os gregos apreciavam as carnes de caça: principalmente, as carnes de lebre, perdiz, codorniz e tordo. A pesca também fornecia uma parte dos alimentos, os pobres compravam sardinhas e atum dos vendedores. Comumente, tomava-se água, o vinho era reservado para os dias de festas e principalmente para os banquetes.
Em geral o grego fazia três refeições diárias, ao levantar-se, tomava uma refeição ligeira de pão e vinho puro (akratismós); ao meio dia mais ou menos, o almoço (áriston) bastante reduzido. A principal era o jantar (deîpnon), nos jantares de cerimônia, além das entradas, a mesa era servida mais duas vezes (prôtai, deúterai, trápezai), na primeira vez ofereciam-se peixes, legumes, carne; na segunda: frutas e doces. Algumas vezes antes de dormir era habitual servir uma ceia ligeira (dórpon).

Ramos, Edu. Texto de
Nos dias de festas, o jantar terminava com o banquete (sympósion). Durante o jantar, os convivas não tomavam vinho, só no final é que se provava um gole de vinho puro, ao invocar o gênio bom (Agathos Daímon), ou a saúde (Hygieia).